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terça-feira, 14 de dezembro de 2010

Para começar BEM!

Uma questão de educação

           
Ela sempre foi uma boa-moça. Admirada por todos pela sua boa educação e pelo seu bom humor. E a boa-praça dava bons motivos para tanta admiração...
“Bom dia!” - costumava cumprimentar a todos; “Boa sorte!” - desejava de coração; “Bom apetite!” - nunca se esquecia de dizer; “Tudo bom?” - perguntava cordialmente; “Boa tarde!” - tinha o hábito de falar; “Que bom vê-lo novamente!” - repetia na primeira oportunidade; “Bom fim de tarde!” - adorava tal expressão; “Bom começo de noite!” - exagerava, muitas vezes; “Boa noite!” - nunca deixava de pronunciar; “Boas festas!” - felicitava os amigos no final do ano...
Infinitos “bons” e “boas” - suas especialidades - faziam-na uma pessoa especial, de muito boa reputação.
Mas um dia aconteceu-lhe algo nada bom. Infelizmente, a vida aplicou-lhe uma boa peça. Como sempre fazia, ela chegou de bom astral ao escritório e procurou manter o bom ambiente de trabalho:
- Bom dia, chefe! - falou com boa intenção.
Mas o fato é que ela não havia chegado em boa hora.  Seu chefe, que era um boa-pinta, acabara de dar um bom chute no pé da escrivaninha e, mesmo sendo tão boa pessoa, deu-lhe um bom “fora” no ato.
- O que é que ele tem de bom? - respondeu-lhe em alto e bom som.
Ela, por sua vez, apesar de sua boa índole, resolveu dar-lhe uma boa lição, dizendo-lhe umas boas verdades:
- Só desejei “bom dia” por uma questão de educação!
O chefe não achou muito bom aquilo que acabara de ouvir e tratou de aprontar-lhe uma boa.
- Bom, neste caso, a senhora está no “olho da rua”! - deu um bom grito.
Que bomba! Que susto ela levou! E até concordou que aquele realmente não era um dia tão bom assim, afinal, tudo parecia dar errado naquela manhã em que o tempo também não estava muito bom, ao contrário do que informara a previsão do tempo. Além dela não ter tido um bom sono na noite anterior, o seu despertador não tocara, atrasando-a por uma boa meia hora e o seu bom marido acordara com uma boa de uma gripe, o que já não era um bom sinal.
Mesmo com toda sua boa-educação, ela não tinha um gênio muito bom. Ficou muito irritada por seu chefe não ter agido de boa-fé. Ela tentou, mas não conseguiu manter o bom-senso e acabou quebrando um vaso na boa careca do seu chefe. Foi uma boa bordoada! E ela, é claro, mais uma vez, não deixou de lado sua boa educação...
- Tenha bons sonhos! - recomendou-lhe com umas boas risadas.
E toda aquela cena parecera pertencer a um bom filme de guerra. E que bombardeio! E mais uma vez, ela teve a certeza que, de bom, aquele dia não tinha nada mesmo.
Como o seu chefe permanecia desacordado por um bom tempo, ela teve a boa idéia de chamar um bom médico, ou até mesmo, os bombeiros para socorrê-lo e levá-lo a um bom hospital, já que ela não gostaria de terminar seus dias numa boa de uma prisão.
Ninguém pode imaginar como foi bom para ela ouvir o médico dizer que logo seu chefe ficaria bom.
Sendo assim, sua boa educação novamente falou mais alto e ela achou que seria de bom-tom fazer uma visita ao seu antigo chefe no hospital. Para tanto, comprou-lhe uma boa caixa de bombons e alguns bombocados também. O chefe que nunca escondera ser um bom-garfo, certamente a receberia com um sonoro “O que é que você trouxe de bom pra eu comer aí, hem?”.
Desta vez, ela chegou num bom momento e encontrou-o na boa-vida...
- O senhor está bem? - perguntou-lhe bem sem jeito ao ver-lhe bem machucado.
- Bem... Antes de mais nada, seja bem-vinda! - respondeu-lhe bem-humorado, o que a deixou bem mais aliviada.
- O senhor bem que poderia me desculpar, afinal, eu sempre me comportei tão bem... - falou bem humilde.
Ele estava bem constrangido com toda aquela situação e achou por bem perdoá-la e acabar bem depressa com as desavenças:
- Por mim, tudo bem!
- Puxa! Sinto-me bem melhor... - falou-lhe sorridente mostrando todos os seus dentes bem brancos.
E já que ele estava no bem-bom, longe dos problemas do escritório, ele até que fez um comentário bem engraçado:
- Até que a senhora bate bem, hem!? Quase quebrou minha cabeça bem no meio...
- Pois é... O senhor bem que mereceu...
- Tem razão! E foi bem-feito pra mim, rá, rá...
- Bem que o senhor podia mudar aquela escrivaninha de lugar, hem!? Rá, rá...
- Bem que eu tentei com aquele chute, rá, rá...
Ah, estavam bem à vontade! E tiveram uma conversa bem amigável. E, é claro, ele não se esqueceu de cobrar-lhe as guloseimas que ela lhe trouxera, justificando que precisava estar bem-alimentado para sua recuperação ser bem-sucedida. E ela ficou bem feliz ao conseguir seu bem-amado emprego de volta.
E tudo que começou bom, acabou muito bem... Bom, ainda bem!

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